O medo da desconexão

Ao longo da história, passamos por várias mudanças sociais, pessoais, culturais, filosóficas, enfim, tudo sempre mudou e no último século, estas mudanças vem acontecendo com muito mais rapidez e intensidade; uma coisa não mudou e nem mudará: o interesse do ser humano em se adaptar e feliz por sair na ‘vanguarda’ do que há de mais moderno no mundo…. seja com roupas, comportamentos, palavras novas que fazemos malabarismos nas estruturas das frases – faladas ou escritas para as encaixarmos, também nas manifestações artísticas, seja na música, nos filmes mais conceituais, queremos ser os descolados!
O top do momento é a área tecnológica: queremos, precisamos, necessitamos urgentemente saber qual o aplicativo do momento que facilitará a nossa vida, que nos tornará mais evoluído no meio dos mortais que nos cercam e eis que são tantos que não conseguimos nem nos manter atualizados, tornou-se uma busca desmensurada e quando notamos, estes mesmos aplicativos que nos libertam de problemas diários, nos aprisionam, principalmente porque nem conseguimos utilizar tantos.
E as redes sociais?? Qual seria a melhor definição para elas? A resignificação do sofrimento? Na minha opinião, nunca nos sentimos mais aprisionados do que estamos agora. Eu tenho acompanhado a evolução e o desenvolvimento destas redes; no começo, com a internet, havia um temor coletivo de que pudéssemos ficar escravos dos computadores, sem contatos sociais presenciais, o tempo passou, a evolução das redes passaram a possibilitar mais contatos, reencontros entre amigos afastados, grupos que pertenciam à determinada escola/época, um sem numero de relações criadas e recriadas, foi uma fase fantástica e continua sendo, mas estamos enfrentando uma nova fase de tudo isso: o descontrole coletivo, gerando problemas de diversas ordens. As pessoas não conseguem mais desconectar, sempre querendo saber quem quer falar com ela, quem mandou mensagem (que nunca foram tão urgentes!!), o que está acontecendo no mundo virtual, afinal, não podemos ficar desinformados, já que as informações são muitas e velozmente repassadas. Me pergunto, o que pode acontecer se durante uma sessão de cinema ou teatro, desligamos o celular, como sempre é solicitado? Não funcionará mais? Os aparelhos novos não vem mais com o botão liga/desliga (on/off)? E esta necessidade –excessiva de informações causam problemas que precisam ser avaliados e entendidos como similiares às dos dependentes químicos ou outras dependências.
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