Mais esperto que o Diabo

Autor: Napoleon Hill
O livro, escrito por volta de 1938, introduz o assunto que hoje fala-se bastante: “Master Mind”. Foi proibido por décadas e lançado no início da década de 80, tornou-se rapidamente um best seller, justamente porque chegou ao mercado consumidor no momento em que os livros de autoajuda começaram a ganhar força e passaram a ser livros de cabeceira de muitas pessoas. Ressalvas a parte sobre este assunto, tem lá a sua ajuda porque traz à tona o assunto das mudanças comportamentais que estavam abafadas até então, inclusive o assunto ‘fazer terapia’ ainda era tabu e coisa de pessoas desequilibradas. Depois deste boom dos livros, as pessoas passaram a reconhecer que precisavam e indicar aos amigos e familiares que deveriam fazer, ainda que usada com certa dose de agressividade.
A leitura do livro pede uma certa dose de cuidado, como a esmagadora maioria dos livros deste gênero.
O autor – Napoleon Hill traz à luz alguns conceitos até aquele momento obscuros sobre os ‘poderes mentais’ que possuímos -a partir de nossos pensamentos e comportamentos, mas vale ressaltar que sem orientação pessoal, direcionada para cada pessoa e situação, os riscos se tornarão problemas graves e até insolúveis em vários casos.
Logo no começo, Napoleon comenta que entenderá se o leitor ficar na dúvida se esta entrevista de fato ocorreu mesmo ou não passou apenas de uma conversa entre dois seres que habitam dentro dele (e de cada um de nós), como forças opostas – o bem e o mal.
Ao longo do livro, um dos pontos mais marcantes, foi a questão do ser alienado com a vida, com tudo o que nos cerca e do risco que é para ele, a força do mal, quando deixamos esta característica e nos aventuramos em novas águas, do esclarecimento, da compreensão da sociedade e do mundo que nos rodeia.
A questão “você pode tudo o que quiser!”, não é válida para todos, por várias razões: psicológicas, psiquiátricas, ambientais, estruturais, enfim… eu próprio já fiz uso desta linha de raciocínio no passado, durante o meu trabalho como psicanalista e fui compreendendo que não poderia seguir este caminho do ‘querer é poder’. Precisamos e devemos, sem sombra de dúvidas, avaliar o conjunto, incluindo as potencialidades e capacidades individuais.
Mesmo entendendo que um dos pontos é o fato da repetição ser importante para mudanças de conceitos e implementação de novos, o livro ficou cansativo em boa parte porque a mensagem acabava se perdendo e sinceramente, achei o tal diabo, muito doce nas colocações, para quem se posicionou no início da entrevista como o senhor da razão e detentor de 98% das mentes (dos alienados), foi amenizando as colocações e orientações ao ponto de quase se desculpar por ser quem é.
Contudo, o livros vem no sentido de desmistificar que ‘o mal’ não é um ser isolado de nós, mas sim, que é parte de nosso ser, que pode e deve ser avaliado, ressignificado e ajustado para que possamos fazer o que quisermos, de bom ou de mal, conscientes de cada ato, assumindo os devidos riscos.
Douglas Brito